Como vamos recordar o ano de 2020? Para além do cenário epidemiológico, que nos trouxe um confinamento mundial, máscaras e desinfetantes, existe toda uma vertente emocional que por certo terá mais força nas nossas memórias.
Tivemos de nos habituar ao distanciamento social, o contacto físico deu lugar à interação digital. Passámos mais tempo em casa no primeiro semestre do ano, do que talvez em todo o ano de 2019. As nossas rotinas pessoais e profissionais alteraram-se – e, com maior ou menor tranquilidade, tivemos de nos adaptar.
Convidámos por isso a Dra. Rita Fonseca e Costa para mais uma edição das PHC Talks, onde a psicoterapeuta nos ajudou a compreender melhor o que temos sentido nos últimos meses, e de que forma devemos lidar com a ansiedade que por vezes se tenta apoderar de nós.
Vamos falar sobre saúde mental?
Foram inúmeros os desafios que já vivenciámos este ano, e que colocaram em causa o nosso bem estar psicológico. A Dra. Rita Fonseca é psicóloga clínica e psicoterapeuta pela Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica. Desde que começou a quarentena, a sua clínica pertence ao leque de parcerias da PHC, com vista a permitir que os nossos colaboradores tenham acompanhamento psicoterapêutico a um custo mais acessível.
Esteve connosco para um workshop totalmente digital, no qual participaram 60 colaboradores da PHC, onde falámos sobre a importância de zelarmos pela nossa saúde mental. O objetivo era compreender como podemos evitar estados de elevada ansiedade, face à situação que atualmente vivemos, e o feedback de todos os participantes foi muito positivo.
“Nos últimos meses, tivemos de encontrar um novo equilíbrio na forma de viver e na forma de nos encontrarmos, connosco próprios e com os outros.”
Começámos por perguntar: porque variam as reações de pessoa para pessoa?
Nem toda a gente reage da mesma forma perante situações que fogem do seu controlo. Pessoas que tendencialmente têm maior dificuldade em reconhecer situações de perigo, desvalorizaram a pandemia e demoraram muito tempo a ganhar consciência da seriedade da situação. Pessoas que sofrem habitualmente de ansiedade, provavelmente começaram a acusar receio assim que surgiram os primeiros casos na Europa. E estas diferentes reações continuam a manifestar-se atualmente.
A Dra. Rita explicou-nos que a forma como reagimos se prende muito com os nossos mecanismos de defesa, face a situações que fogem ao nosso controlo. Disse ser por isso fundamental trabalharmos a nossa flexibilidade, procurando ser menos rígidos na forma como reagimos às situações, diminuíndo assim a ansiedade que esses momentos nos provocam.
Uma das formas de reduzir essa rigidez das nossas reações é adicionando alguma racionalidade à forma como analisamos cada momento. “Esta racionalização das situações não é fácil de fazer, e falar com amigos e familiares pode ter aqui um papel fundamental. Partilhar o que sentimos, receber outra prespetiva. (…) Pedir ajuda, sempre que necessário.”, acrescentou a psicoterapeuta.
“Todos nós estamos munidos de várias ferramentas emocionais, resultante das nossas experiências, educação, cultura, (…). Estas são um conjunto de mecanismos de defesa indivíduais que nos ajudam a abordar as situações da nossa vida – e cada pessoa fá-lo à sua maneira.”


Qual o papel das empresas na saúde mental dos seus colaboradores?
“Neste ano tão atípico, as nossas experiências profissionais têm um papel fundamental no nosso bem estar psicológico.”, partilhou também a Dra. Rita. Quer seja pela sensação de segurança, física e financeira, que nos proporcionam, mas também pela flexibilidade que demonstram para com os colaboradores.
Na PHC o teletrabalho não era novidade, mas a 13 de março, com a entrada em quarentena, vimos a empresa inteira a ter de se adaptar ao digital. O impacto imediato foi apenas tão atribulado quanto esperado, enquanto procurávamos coordenar a reação emocional própria do momento que vivíamos, com o facto de partilharmos agora o nosso espaço de trabalho com a família.
“A distância física não pode significar distância emocional. Há várias alternativas aos habituais encontros presenciais que as empresas podem e devem estimular nos seus colaboradores.”
Acabámos o período de quarentena com saldo positivo e, quando em setembro regressámos ao escritório uma vez por semana, para começar a reunir aos poucos as equipas isso tornou-se claro. A quarentena não nos impediu de recrutar novos talentos, nem de celebrar datas importantes.
Regressámos ao teletrabalho no dia 23 de outubro, acreditando que as empresas têm de “(…) dar o exemplo de cidadania para travar a pandemia e proteger as pessoas, de forma responsável”, explicou o nosso CEO, Ricardo Parreira. Desta vez bem mais tranquilos, uma vez que “os nossos PHCs já criaram as condições necessárias para trabalhar em casa, adaptadas a este novo normal.”, disse-nos o nosso Human Resource Director, Luís Antunes.
Como podemos zelar pela nossa saúde mental nos próximos meses?
Face aos desafios emocionais que adivinhamos para os próximos meses, perguntámos à Dra. Rita quais as principais técnicas para evitarmos estados de ansiedade. Partilhamos contigo as nossas principais aprendizagens do workshop: